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Dicas de prevenção, diagnóstico e tratamento do Câncer de Pulmão

O Hospital Imaculada Conceição conta atualmente em seu Corpo Clínico com o Dr. Luiz Sérgio Grossi Ferreira, Cirurgião Torácico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, atendendo em consultório no IMAC, anexo ao hospital, bem como realizando procedimentos cirúrgicos no hospital e nesta matéria esclarece um pouco sobre o câncer de pulmão.

“O câncer de pulmão é a doença maligna mais comum e tem altíssima letalidade.

As estimativas para 2017 são de cerca de 222 mil novos pacientes diagnosticados com a doença e cerca de 155 mil mortes pela mesma nos Estados Unidos.

Ao contrário de outras doenças malignas, a maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão não sobrevive por 5 anos (de forma geral, menos de 15% dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão sobrevivem por 5 cinco anos).

Nunca é demais lembrar que a prevenção sempre é o melhor caminho para se evitar doenças graves.

Quando falamos de prevenção ao câncer de pulmão, estamos quase sempre falando de combate ao hábito de fumar.

É preciso acabar com o mito de que é tarde demais para aqueles que fumaram por muitos anos.

Deixar de fumar tem benefícios quase imediatos. A circulação e o funcionamento dos pulmões melhoram mais rapidamente, e o risco de câncer de pulmão começa a cair ao longo do tempo. Dez anos após se parar de fumar, a chance de se desenvolver câncer de pulmão é a metade daquela do fumante.

Não existe quantidade de exposição segura ao fumo. Cigarros “light” oferecem tanto risco quanto os normais. Cigarros mentolados agregam ainda mais dificuldade para se deixar o vício pois eles são refrescantes e fazem a inalação da fumaça ser ainda mais profunda.

Fumantes passivos também têm risco aumentado de câncer de pulmão.

Outro mito comum é de que maconha não traz risco de câncer de pulmão. O fato é que fumar maconha aumenta ainda mais o risco de se desenvolver câncer de pulmão uma vez que os consumidores da droga costumeiramente fumam cigarros convencionais e há estudos que mostram maior propensão ao desenvolvimento de câncer de pulmão em quem consome ambos.

Fumar não é o único fator de risco para câncer de pulmão mas, é o principal. E combater o tabagismo é a atitude preventiva mais importante.

Junto com a prevenção devemos conscientizar as pessoas de que identificar a doença precocemente pode significar a chance de cura da mesma.

Existe grande impacto nas estatísticas de morte por câncer de pulmão quando a doença é identificada em fase inicial.

A maior parte dos pacientes que têm o câncer de pulmão identificado ainda no início se cura da doença quando são tratados apropriadamente.

Por exemplo, a sobrevida em 5 anos de pacientes com câncer de pulmão com doença identificada e tratada em Estádio 1 é acima de 85%. Em Estádio 2 chega a 65%.

Portanto, o grande desafio é se identificar a doença precocemente, uma vez que sintomas são, quase sempre, sinônimo de doença avançada.

Para outras neoplasias existem programas de triagem para identificação da doença em fase inicial como por exemplo o exame de Papanicolau para o câncer de colo de útero e a mamografia para o câncer de mama.

Quando falamos de câncer de pulmão, estudos comprovam que o raio X de tórax é inadequado para identificação precoce do câncer de pulmão.

O exame que permite a identificação de pequenos nódulos pulmonares é a Tomografia Computadorizada. Alguns desses pequenos nódulos são eventualmente diagnosticados como malignos.

Mas tornar esse exame uma política pública para triagem de câncer de pulmão é caro para sistemas públicos de saúde em qualquer país do mundo.

Em 2011, um grande estudo multicêntrico norte-americano mostrou que o uso da Tomografia Computadorizada de baixa dosagem para o tórax em pacientes de alto risco reduziu em 20% a mortalidade por câncer de pulmão.

Nos Estados Unidos, depois de muita resistência governamental, a triagem para câncer de pulmão com a Tomografia de baixa dosagem foi aprovada como política de saúde pública em 2015.

No Brasil temos prevalência de doenças benignas granulomatosas bem superior àquela dos Estados Unidos. Esse fato sempre gerou muito questionamento quanto ao benefício da triagem com tomografia de baixa dosagem nesse tipo de população (com maior prevalência de doenças benignas).

Contudo, um estudo em moldes similares ao norte-americano está sendo conduzido pelo grupo da USP e seus resultados iniciais foram publicados em Fevereiro do ano passado. Apesar de uma maior identificação de doenças benignas, os resultados em termos de redução da mortalidade por câncer de pulmão foram similares àqueles do estudo norte-americano e suportam a indicação da triagem com tomografia de tórax de baixa dosagem em pacientes de alto risco.

No Brasil, temos recursos públicos ainda mais limitados e parece bastante distante que a tomografia de baixa dosagem seja aprovada como política de saúde pública num futuro próximo.

Mas é importante se destacar quais as características que enquadram pessoas em grupos de alto risco para câncer de pulmão e que se beneficiariam da tomografia de baixa dosagem:

Categoria de alto risco 1:

  • Idade entre 55 e 74 anos
  • Fumantes (carga tabágica* maior ou igual a 30 anos/maço)
  • Não fumantes com a carga tabágica maior ou igual a 30 anos/maço e que abandonaram o cigarro há menos de 15 anos

Categoria de alto risco 2:

  • Fumantes com idade entre 50 e 74 anos (carga tabágica maior ou igual a 20 anos/maço) com pelo menos um dos seguintes fatores adicionais de alto risco:

a. história de câncer na família b. história pessoal de câncer de pulmão c. doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) d. linfoma e. câncer de cabeça e pescoço f. exposição profissional a asbesto, sílica, carvão, radônio, outros.

* Para o cálculo da carga tabágica, utiliza-se o número de cigarros consumidos em um dia dividido por 20 (número de cigarros em um maço) multiplicado pelo número de anos em que a pessoa fumou. Exemplo: a pessoa fumou 20 cigarros por dia durante 30 anos (20/20 x 30= 30 anos/maço).

O Cirurgião Torácico é o especialista em diagnosticar e tratar pacientes com câncer de pulmão em estádio inicial. Também tem papel importante em algumas situações de doença avançada.

Quem se encaixa nos grupos de risco acima descritos provavelmente se beneficiará de uma Tomografia de tórax de baixa dosagem anual.

Nunca é tarde para se prevenir ou se identificar precocemente essa enfermidade tão grave.”

Por Dr. Luiz Sérgio Grossi Ferreira CRM-MG 33083 Cirurgião Torácico do Hospital Imaculada Conceição em Patos de Minas Titular da SBCT (Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica)

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